Nascido em São Paulo em 1937, João Lúcio de Azevedo desde a adolescência sabia que queria estudar genética. Formado em engenharia agronômica pela ESALQ/USP em 1959, foi incentivado desde cedo pelo professor Friederich Gustav Brieger a ir atrás de bolsas de iniciação científica e a fazer uma genética que ainda não existia praticamente no Brasil, a genética de microrganismos.
Mesmo antes de acabar o doutorado em agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas – USP), em 1961 foi contratado como professor do departamento de Genética (LGN/ESALQ), onde começou lecionando as disciplinas de Genética e Citologia (hoje Biologia Celular) e depois Genética de Microrganismos. Em 1971 decidiu fazer Doutorado em Genética na Universidade de Sheffield na Inglaterra, onde trabalhou com instabilidade mitótica em Aspergillus, sendo orientado pelo Doutor Joseph Alan Roper.
O professor João Lúcio sempre teve a preocupação em formar novos pesquisadores, até setembro de 2009 havia orientado 98 mestres e 68 doutores, de Manaus, no Amazonas, até Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. O número elevado ele justifica de forma pragmática que é na pós-graduação que está a mão de obra especializada e, portanto, é lá que se tem de cultivar e colher os melhores pesquisadores. Ele sempre foi uma pessoa ativa e preocupada com a pesquisa no país, por este motivo, implantou e ajudou na organização de laboratórios e cursos de pós-graduação nas áreas de genética e biotecnologia em vários lugares como: Universidade de Brasília – UNB, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade Federal de Goiás – UFG, Universidade de Mogi das Cruzes – UMC, Universidade de Caxias do Sul – UCS. De 2005 a 2011 foi coordenador do Centro de Biotecnologia da Amazônia – CBA em Manaus na área de microbiologia. É considerado por seus colegas talvez o pesquisador brasileiro que mais entende a genética de microrganismos na agricultura.
Suas atividades sempre foram voltadas a genética de microrganismos, onde desenvolveu pesquisas com genética de fungos, voltadas à estabilização de linhagens de interesse agrícola e industrial e melhoramento genético de espécies usadas no controle biológico de pragas agrícolas. Em 1990, iniciou uma linha de pesquisa sobre microrganismos endofíticos. Em 1986 representou o Brasil na Conferência sobre Armas Biológicas da ONU, presidiu a Sociedade Brasileira de Genética por duas vezes, entre 1984 e 1986; 1996 e 1998 foi Diretor da ESALQ entre 1991 e 1995 e juntamente com pesquisadores da Fundecitrus e UFPR, desenvolveu um kit pra diagnóstico do fungo fitopatogênico Guignardia citricarpa – pinta preta dos citros.
Durante a sua carreira, publicou mais de 140 artigos publicados, 23 livros publicados ou organizados, 37 capítulos de livros publicados, 20 textos em jornais de notícias/revistas e escreveu um livro que se tornou referência na área, cujo título é: Genética de microrganismos. Recebeu diversos prêmios e títulos, destacando-se:
ü Prêmio Schering de Microbiologia – 1978
ü Engenheiro Agrônomo do ano de 1991
ü Prêmio Frederico de Menezes Veiga, concedido pela Embrapa, 1996
ü Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – 1998
ü Prêmio Fundação Bunge “vida em obra“ – 2009
ü Pesquisador emérito, CNPq – 2010
ü Diploma (termo de reconhecimento) pela colaboração acadêmica ao ensino, pesquisa e extensão nas comemorações dos 110 anos da ESALQ – 2011
ü Homenagem e diploma nos 75 anos de fundação do Departamento de Genética, ESALQ – 2011.
Atualmente é professor titular aposentado da ESALQ/USP onde atuou de 1960 a 1995, mas continua como professor e orientador também em várias outras instituições brasileiras, sempre buscando levar conhecimento para a formação de novos pesquisadores.
Texto: Fernanda Nicolini
Pós-doutoranda- Laboratório de Biologia Molecular e Genômica – LBMG
[…] Página do grupo de Biologia Molecular e Genômica (LBMG) da UFRN, artigo dobre Prof. João Lucio de Azevedo […]